Ayahuasca, Aioasca, Auasca ou Uasca é uma palavra originária do idioma quéchua, e quer dizer Cipó dos Espíritos, Vinho dos Espíritos, Vinho da Vida, Chicote da Alma; aya significa alma, pessoa morta, espírito e huasca significa corda, liana, cipó.
AYAHUASCA, também conhecida pelos nomes de caapi, daime, yajé, natema, vegetal e hoasca é uma bebida de origem Amazônica, obtida pela infusão de duas espécies vegetais, um cipó conhecido como jagube ou mariri e folhas de um arbusto conhecida como chacrona ou rainha.
Estudos têm demonstrado que o efeito do chá deriva exatamente da combinação entre as duas plantas. A DMT, presente na rainha, não produz efeitos quando ingerida isoladamente por via oral, pois provavelmente é metabolizada pela enzima monoamino oxidase (MAO), presente no fígado e no intestino humanos. As beta-carbolinas presentes no cipó neutralizam a atuação da MAO, tornando biodisponível a DMT; engenhoso, não?
Além disso, como a MAO também é responsável pela metabolização da serotonina, acredita-se que sua inibição aumenta os níveis desse neurotransmissor, o que pode ser responsável pela sensação de alegria e conforto provocada pela ayahuasca.
O chá é consumido regularmente por homens e mulheres na faixa de idade dos 13 aos 90 anos. A avaliação psicológica de usuários de longo prazo não encontrou evidências de prejuízos nas atividades mentais. Funções cognitivas, fluência verbal, habilidade matemática, motivação, bem-estar emocional e personalidade foram alguns dos parâmetros avaliados no estudo. De fato, tem sido reportado que vários usuários regulares de ayahuasca com idade aproximada de 80 anos e que fizeram uso desde sua adolescência, permaneceram com acuidade mental e vigor físico preservados.
O efeito espiritual do êxtase proporcionado pela Ayahuasca é algo supra-racional. O Êxtase elimina a separação entre objeto e sujeito, alargando as fronteiras da consciência humana e levando a pessoa à CRIATIVIDADE. Os principais efeitos são:
Oferece a certeza e a sensação de que nada do que nos aconteça já não nos pertença, guardado em nosso ser mais secreto.
Unidade: o indivíduo sente a inexistência da separação entre si e os objetos exteriores – embora saiba que, em outro nível, a separação entre ele e os objetos (animados e inanimados) exista.
Transcendência do Tempo e do Espaço, pela experiência da sensação de eternidade ou infinidade.
Altruísmo (transcendência do EGO) e sentimento de humildade: a pessoa se torna mais capacitada a ouvir seu EU interior, superando a ansiedade, a inibição, a defesa, o controle, o conflito com a loucura e a morte. Isto faz com que, na sua vida prática, o medo diminua .
Profunda sensação interior de positividade, com o despertar da alegria, da bem-aventurança e da paz.
Sacralidade: respeito e admiração pela presença de realidades inspiradoras.
Objetividade e realidade, propiciadas pelos insights, iluminação em nível não-racional, obtida por experiência direta.
Paradoxalidade: experiências místicas que podem ser contraditórias: “o Eu Existe e Não Existe”?
Persistentes mudanças de comportamento em relação ao EU, à VIDA e à própria experiência mística.
Livre-arbítrio ampliado, por conta da sensação de estar ativo, de se tornar o centro criativo de suas próprias atividades e de suas próprias percepções, mais autônomo. Um agente livre. Desta forma, ao ampliar os próprios horizontes, potencializa consequentemente o livre-arbítrio.
Em maio de 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, recebeu um pedido de reconhecimento do uso ritualístico da Ayahuasca como bem cultural de natureza imaterial. A solicitação foi entregue ao então ministro da Cultura, Gilberto Gil, por sete grupos religiosos que utilizam a bebida, durante visita oficial ao Acre para o lançamento do Programa Mais Cultura.
A discussão sobre os efeitos psicoativos causados aos usuários da bebida foi responsável por uma longa avaliação, de mais de 20 anos, nos órgãos públicos responsáveis pela liberação do consumo para práticas rituais. O Grupo Multidisciplinar de Trabalho que regulamentou o uso religioso da Ayahuasca foi instituído em novembro de 2004, mas bem antes disto, o tema já tinha sido alvo de outros estudos oficiais. A resolução autorizando o consumo da bebida em rituais religiosos e vedando sua utilização com fins comerciais, turísticos e terapêuticos foi publicada no Diário Oficial da União em 26 de janeiro de 2010.
Os 10 princípios para utilização da ayahuasca, bem como a íntegra do relatório final do grupo multidisciplinar de trabalho – GMT – Ayahuasca você pode conferir no seguinte endereço:
http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/biblioteca/documentos/327994.pdf




